martes, 29 de mayo de 2012


MUNDO E MISSÃO Especial Mexico
Felipe Casabianca  e  Pe. Pedro Facci

Nosso “Especial” leva você ao México através de dois temas cativantes: a recente visita do papa Bento 16 à grande nação aninhada sob o manto da Virgem de Guadalupe, e o diário de uma viagem missionária a uma região carente, onde algumas
comunidades descobrem a mensagem do Evangelho nas mãos de missionários abnegados.
Bento 16 leva ao México
Foi o segundo papa a visitar o país com mais católicos de língua espanhola.
o papa fez sentir sua presença de pai e de pastor.
Entre os mexicanos, a figurado papa é amada com especial devotamento e constitui um dos pilares de sua identidade religiosa, riquíssima em manifestações externas, abertura à transcendência e apego àstradições. João Paulo II já haviapercebido tal sensibilidade e quis
visitar o México em cinco oportunidades,
gerando uma corrente
de amizade que chegou ao
fundo de sua alma. Além disso,
João Paulo II foi o primeiro papa
a visitar este país e, em 1992,
promoveu o estabelecimento de
relações entre o governo local e
a Santa Sé. México é o país de
língua espanhola com maior número
de católicos, 93 milhões,
ou seja, 83% de sua população,
por isso é que a viagem de Bento
16 , o segundo papa na América
Latina, foi muito aguardada.
Mas, seria possível este papa ganhar
o coração dos mexicanos
com o seu estilo sóbrio, aparentemente
distante das manifestações
emotivas, tão próprias dos
povos desta região?
A acolhida do povo mexicano
foi de uma generosidade transbordante.
Eram 30 mil os que
o esperavam, emocionados, no
dia 23 de março, no aeroporto
de Silao, na planície central do
país. Rádios e televisões transmitiram
a milhões de mexicanos
o pouso do avião da Alitalia que
o trouxe, enquanto grupos folclóricos
e mariachis enchiam de
alegria, com danças e canções, a
allmaps
uma mensagem de esperança
Em um contexto de grandes contrastes sociais, exposto à submissão,
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esplanada do aeroporto. Poucos,
em todo o México, deixaram de
sentir a emoção de ver Bento 16
descer a escadinha do avião e,
assim, começar a conhecer de
perto um homem sorridente,
carinhoso, próximo. “(…) Venho
como peregrino da fé, da esperança
e da caridade – foram as
suas primeiras palavras no aeroporto
ao presidente Felipe Calderón
–. Desejo confirmar na fé
os que creem em Cristo, animálos
a revitalizar esta fé através
da escuta da Palavra de Deus,
dos sacramentos e da coerência
de vida (…)”.
Era o início de três dias em
que milhares de pessoas fizeram
uma corrente humana pelas ruas
por onde passava o papamóvel,
encheram os espaços onde ele
discursou e inundaram de cores
e cantos cada recanto de León
e Guanajuato, duas das mais
formosas cidades coloniais, que
conservam forte tradição católica,
uma tradição que deu ilustres
filhos à Igreja, alguns dos quais
foram martirizados na guerra
Cristera (entre a Igreja católica
e o Estado mexicano, entre 1926
e 1929, quando os cristãos se revoltaram
contra as medidas anticlericais
da Constituição mexicana
de 1917, ndr).
Um povo necessitado de
esperança
A população mexicana se encontra
em sérias dificuldades
por causa da crescente onda de
insegurança, provocada pelo
alarmante crescimento de cartéis
de narcotraficantes e do
combate frontal lançado pelo
Estado para contê-los. A isto,
somam-se os sequestros, assaltos,
corrupção de autoridades,
roubos violentos e chantagens
a empresários e comerciantes.
Deste modo, a população, em
alguns estados com maior dramaticidade
que em outros, vive
constantemente angustiada. A
questão da segurança não é o
único problema, pois persiste
também uma grande iniquidade
social que mantém na pobreza
50% de uma população total de
113 milhões de habitantes. O
alto índice de abandono escolar
também afasta a possibilidade
de uma vida digna a milhões de
jovens.
Durante o voo de chegada, o
papa manifestou-se a esse respeito,
dizendo que “a Igreja sempre
deve se perguntar se faz o suficiente
pela justiça social neste
grande continente. O que é que
ela deve fazer; o que não pode e o
que não deve fazer? A Igreja não
é um poder político, não é um
partido, porém é uma realidade
moral, um poder moral”, com o
qual forma as consciências, para
que os cristãos evitem o perigo
de uma esquizofrenia entre
a moral privada e a pública, e
assumam responsavelmente o
desafio de construir uma ordem
social justa.
Bento 16, com esta visita,
somou-se aos esforços dos Pastores
da Igreja do México que
acompanham as vicissitudes
dos fiéis, para que sua fé não vacile
e a esperança alimente seu
compromisso e, assim, possam
responder ao mal com uma vida
mais harmoniosa, através dos
valores evangélicos.
Juventude entusiasta
Em meio a cânticos e aclamações,
os clamores: “Benedicto,
hermano, ya eres mexicano
(Bento, irmão, já és mexicano) e
México, México, México, siempre
fiel”, desde a chegada do pontífice
ao aeroporto, surpreenderam
o Santo Padre, ao ponto de
exclamar: “Agora compreendo
porque João Paulo II amava tanto
este país”. Os jovens, muitos
deles voluntários, estavam em
primeiro plano marcando presença
na corrente humana, formada
ao longo dos 38 quilômetros
do aeroporto até a cidade de
León. Ao chegar no colégio Miraflores,
à noite, onde se alojou,
o papa ouvia os jovens que não
paravam de cantar em uma rua
próxima e, na manhã seguinte,
eles ali estavam entoando em
coro as mañanitas (baladas de
felicitações ao amigo, ao irmão,
etc, por uma data especial, ndr),
enquanto o pontífice celebrava
uma Missa particular.
Na tarde deste primeiro dia,
aconteceu o primeiro ato público,
ante 1.600 crianças que Bento
16 saudou do balcão da Casa
do Conde de Rul (palácio do
governo municipal), no centro
de Guanajuato, minutos depois
de realizar uma reunião privada
com o Presidente da República.
Acompanharam-no, no balcão,
uma dúzia de crianças esbanjando
sorrisos, enquanto ouviamno
dizer-lhes: “Vocês ocupam
um lugar importante no cora-
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Especial Mexico
pre fielEspecial Mexico
Bento 16 leva ao México uma mensagem de esperança
MUNDO E MISSÃO
ção do papa” e a recordar-lhes,
em especial, as crianças que suportam
o peso do sofrimento,
do abandono, da violência e da
fome por causa das estiagens
que golpearam o norte do México,
nos últimos meses.
Dimensão pastoral
O tom sereno das mensagens
preparadas pelo Santo Padre
manifestava o caráter eminentemente
pastoral da viagem.
Houve, sim, um chamado aos
responsáveis políticos, para que
persigam o Estado de Direito
e um pedido de inclusão de irrestrita
liberdade religiosa, que,
assim, daria condições de vida
melhor para todos. O papa recebeu
um grupo de familiares de
vítimas da violência gerada pela
luta contra o crime organizado,
se bem que não conseguiu atender
os pedidos para um encontro
com vítimas de abusos sexuais,
atribuídos ao fundador dos
Legionários de Cristo.
Mensagem aos povos da
América Latina
Convidado por dom Carlos
Aguiar Retes, presidente da
Conferência Episcopal Latino-
Americana e do Caribe (CELAM)
e da Conferência Episcopal
mexicana, um grupo de bispos
e cardeais de países latinoamericanos
reuniu-se com o
papa na tarde do sábado, dia 24,
no horário da celebração das
vésperas, na bela catedral dedicada
à Santíssima Mãe da Luz,
em León. Aí, o papa fez questão
de transmitir seu alento para
um trabalho de animação das
igrejas locais em sintonia com
as linhas emanadas da última
Assembleia Geral do CELAM,
celebrada em Aparecida, no
Brasil, há 5 anos.
Neste mesmo tom, no dia seguinte,
Bento 16 ampliou estes
conceitos na homilia da Missa de
encerramento, perante 630.000
fiéis: “Em Aparecida, os bispos
da América Latina e do Caribe
prenunciaram claramente a
necessidade de confirmar, renovar
e revitalizar a Boa Nova do
Evangelho, arraigada na história
destas terras (…)” que tem sua
origem no encontro pessoal e
comunitário com Cristo. “A Missão
Continental, que ora se sucede
em cada diocese deste continente
acentuou o papa - tem
precisamente a Missão de fazer
chegar esta convicção a todos os
cristãos e comunidades eclesiais,
para que resistam à tentação de
uma fé superficial e rotineira, às
vezes fragmentária e incoerente
(…)”. E concluiu, convidando todos
a fixar o olhar no Ano da Fé,
ao qual toda a Igreja está convocada,
para que seja a ocasião de
uma renovada e autêntica conversão
ao Senhor.
O amparo da Virgem
de Guadalupe
A oração do Angelus Domini
(anjo do Senhor) foi a ocasião
da última mensagem que Bento
16 dirigiu ao povo mexicano
e a toda a América Latina: “Desejo
novamente colocar este país
e toda a América Latina sob o
doce olhar de Nossa Senhora de
Guadalupe. Confio, para cada
um de seus filhos, a Estrela da
primeira e da nova evangelização,
que, com seu amor maternal,
tem animado a sua história
cristã (…)”.
As surpresas não acabavam
porque os mexicanos não
gostam de adeuses e despedidas.
Era quase dez da noite,
quando, lá do interior do colégio
Miraflores, o Santo Padre
olhou, insistente, o cântico dos
mariachis, acompanhados pelo
coro de centenas de pessoas.
Contrariando todas as previsões,
sob o olhar assustado dos guardas
de segurança, o papa saiu
em direção das pessoas. De pé
na calçada, abençoou-as, colocou
um sombrero de camponês e
pediu desculpas porque devia se
retirar para descansar, pois logo
na manhã seguinte partiria para
Cuba. Acompanhado pelas notas
de “Cielito lindo”, voltou a entrar,
deixando clara certeza que
“sim”, que soubera tocar o coração
deste povo e que suas palavras
e gestos conseguiram levar
alívio e uma forte mensagem de
esperança a um povo que sofre.
pos guinte, Fotos: Felipe Casabianca
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Especial Mexico
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Pedro Facci – facci.piero@pime.org
O carisma do instituto
missionário
que edita a
revista Mundo
e Missão é desafiador:
ir a lugares onde ninguém
vai e, muitas vezes, a partir
do zero, fundar a Igreja. É a
chamada missão ad gentes, atual
e urgente. A nova missão entre
os índios mixtecas do México
não foge desta lógica. Em 1993,
o então bispo de Acapulco, dom
Rafael Bello Ruiz, convidou o
Pime, através dos seus missionários
nos EUA, a assumir a Pastoral
Indígena.
No México, há cerca de 18 milhões
de indígenas e 56 dialetos.
Os mixtecas, presentes no estado
de Guerreiro, que – juntamente
com Chiapas e Oaxaca – é considerado
o mais pobre e violento
do país, representam a quarta
minoria ameríndia, depois dos
nahuas, dos mayas e dos zapotecas.
São de época anterior à chamada
era do cultivo do milho,
(cerca de 5.000 anos a.C.), e estão
na área há mais de mil anos.
Foram grandes artesãos e construtores,
edificando cidades e
câmaras mortuárias, além de de-
Uma missão entre os mixtecas
Presente no Brasil e nos EUA desde 1946,
o Pime entrou no México em 1993. Em recente
viagem missionária, o diretor desta revista
esteve na nova missão, onde recolheu um
precioso testemunho de evangelização.
15, foram dominados
astecas.
Sua identidade
comunitária, com
língua própria. Possuem forte
religiosidade popular, que, às vezes,
agrega “mediadores” ou “sacerdotes”
(brujos) que exorcizam
o medo dos espíritos maus, as
doenças e os males.
Sierra Madre del Sur
Estamos na Sierra Madre del
Sur, área pastoral da Costa Chica,
diocese de Acapulco, onde o
Pime anima quatro comunidades
indígenas: Cuanacaxtitlan,
(“galinha choca”), Yoloxochitl,
(“coração da flor”), os vilarejos
Arroyo e La Concordia. A
missão se encontra a 150 km
de Acapulco, transitados pela
Transamericana, a rodovia que
liga o norte ao sul da América.
Pe. Graciano Rota, responsável
pela missão, depois de viver
14 anos no Brasil (em Frutal-MG
e Brusque-SC), comenta que o
povo tem forte religiosidade popular,
ligada às expressões devocionais,
à festa do padroeiro e da
Virgem de Guadalupe. Uma base
importante e difícil sobre a qual
será preciso inserir a Nova Evangelização.
Após três horas de carro de
Acapulco, eis a comunidade de
Yoloxochitl. Surpreende a igreja
bonita, com fachada em azul
e branco, declarada patrimônio
cultural pelo Estado. É domingo,
meio dia. Muitos jovens (a maioria
dos adultos está no comércio
da cidade vizinha) estão na igreja
para a Missa, tocando e cantando
músicas típicas; os coroinhas,
impecáveis, com feições indígenas.
Na comunidade,
atuam
as Irmãs Lauritas,
que têm,
como carisma,
o trabalho
diário de viagem
senhar e criar uma
preciosa cerâmica
e ourivesaria. No
começo do século
dos pelos
é principalmente
Fotos: Pedro Facci
Igreja de Yoloxochitl
Missionários(as) que trabalham
na missão do Pime no México
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Uma missão entre os mixtecas
com indígenas. A congregação
espalha-se por todos os países
da América Latina e na África.
Elas nos acolhem com um sorriso
e oferecem um suco vermelho
chamado “flor de Jamaica”.
O coordenador da comunidade
é o pe. Deodato, diocesano,
natural de Catania, no sul da
Itália. Foi diretor do Conselho
Missionário Diocesano na sua
diocese de origem, e agora, aos
63 anos e a saúde provada, associou-
se ao Pime, trocando uma
paróquia tranquila por este local
remoto, aprendendo nova língua
e exercendo o sacerdócio missionário.
Afirmou que, na Itália,
animara muitos “envios missionários”,
até sentir que estava na
hora de partir. E desafiou todos
os padres diocesanos a “fazerem
uma experiência além-fronteiras,
pois o paradigma missionário
deve iluminar e animar as
pastorais de todas as paróquias
do mundo”.
Após a Missa, é a vez de Cuanacaxtitlan,
onde se chega em
20 minutos. O calor é intenso, o
clima seco, poeira, região serrana
dos Estados Unidos está fazendo
aqui uma experiência missionária
de dez dias. São estudantes da
Universidade católica Ave-Maria,
fundada por um leigo, ex-proprietário
da
“Delivery Dominus
Pizza”, uma rede de pizzarias. Os
jovens pertencem ao Fellowship_
of Catholic University Students,
entidade atuante em mais de 50
universidades americanas.
A missão em
Cuanacaxtitlan
Pe. Graciano relata que, até
1995, o padre chegava a esta comunidade
apenas duas ou três vezes
por ano. O terremoto de 1985
havia destruído a igreja e dispersado
os fiéis. Uma nova igreja,
iniciada pelo pe. Luigi Maggioni,
hoje em Acapulco, é o orgulho do
povo. “Quando cheguei, em 2000
– diz pe. Graciano –, a água contaminada
matava muitas crianças.
O posto de saúde não tinha
médico. Logo providenciamos
o tratamento da água que hoje
abastece a cidade, a presença de
um médico fixo e um banco de
microcrédito, chamado “el cindetaño”
(“trabalhar juntos”) para
ajudar o povo de baixa renda.
Os indígenas e sua
relação com Deus
A flor é algo muito importante
e simbólico para eles. De fato, as
mulheres trajam uma camiseta
branca sempre decorada com
flores. No México antigo, a flor
representava a vida, a morte,
os deuses, a criação, o homem,
a linguagem, o canto e a arte,
a amizade, o senhor e o servo,
a guerra, o céu, a Terra. Flores
eram parte de um simbolismo
baseado no respeito e preocupação
pelo bem-estar dos
deuses, que se manifestava nos
elementos da natureza. Mesmo
nacaxtitlan, e campestre. Um grupo de jovens
Fotos: Pedro Facci
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hoje, até na quaresma, a igreja
vive cheia de flores e impregnada
de incenso. Festas, foguetórios
e danças continuam sendo
elementos essenciais na sua relação
com Deus.
No meio da quaresma há uma
festa muito antiga, em Cuanacaxtitlan,
chamada del Señor del
Perdon de Igualape, cultuada por
todos. Ao lado da igreja, a comunidade
constrói uma torre alta
em forma de cruz, enfeitada de
foguetes. Após danças e músicas
da banda, quase toda composta
de jovens, alguém acende o pavio
e, aos poucos, a imensa cruz começa
a soltar fogos e estampidos,
enquanto rodas de bambu, movidas
pelos rojões, espalham luzes
Devido à taxa de
analfabetos que
beirava os 40%
de adultos, elaboramos,
junto ao
governo, um projeto
para alfabetização
de adultos.
Acrescente-se a
isso, todo o trabalho
pastoral: catequese,
família,
juventude, infância
e adolescência
missionária”.
Igreja Matriz de Cuanacaxtitlan
Pe. Deodato e pe. Graciano
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coloridas em ondas espiraladas.
É a expressão de alegria e reconhecimento
a Deus e o modo de
propiciar-lhe favores.
A comunidade dispõe de um
Conselho, eleito por consenso,
que reparte a terra para as famílias.
Se uma família não trabalha,
o terreno é passado a outra.
A origem do mal
Um problema muito forte, já
salientado pelo recém-falecido
dom Samuel Ruiz, famoso bispo
dos chamulas, em Chiapas,
é a mistura de cristianismo com
superstições, e, em especial, com
a figura do brujo (bruxo), requisitado
para exorcizar os males.
Quando, por exemplo, uma
pessoa se sente prejudicada por
alguém, logo procura o “bruxo”
que descobre o “desafeto”. A “vítima”
começa, então, a sentir tanto
ódio daquela pessoa, a ponto
de sair armado a seu encalço.
“Não há sequer uma família em
Cuanacaxtitlan – afirma o padre
–, que não tenha um ou mais
parentes assassinados por causa
deste ‘mau olhado’. O ‘feitiço’
injeta ódio, violência e vingança
nos relacionamentos. Para vencer
tais superstições e purificar
a cultura mixteca, faz-se urgente
a Nova Evangelização, baseada
na Palavra acolhida e vivida. Somente
a partir dela será possível
mudar certos paradigmas e fazer
com que a fé e a vida caminhem
juntas, e não separadas”.
La Concordia: um
brasileiro e um
colombiano a serviço
da evangelização
O paranaense padre Rogério
é um estreante na
missão além-fronteiras.
Está há, apenas, um ano
e meio em La Concordia,
local que ele ama de paixão.
La Concordia é um
vilarejo a quase
1.000 m de altitude,
na Serra de Acapulco.
O município se
chama Ayutla de los
Libres e abriga mais
de 30 comunidades
mixtecas que cultivam
feijão e milho.
Numa esplanada
está a igreja de N.
Sra. do Carmo e, ao lado, quase
uma maloca, a casa das missionárias
catequistas de San José e a
casa do padre, chamado de sotu
cano pelos nativos. O pároco
é pe. Xavier, um
padre diocesano colombiano,
associado
ao Pime.
Pe. Rogério sonha
com muitas melhorias
para a “sua” comunidade.
Uma delas
é a montagem de uma
madeireira que dará
trabalho a muitos. Ele procura
alguém que ensine os operários
a transformar serragem em compensado.
Também se envolve na
preservação do meio ambiente,
pois não há coleta seletiva e nem
reciclagem do lixo que prolifera a
céu aberto.
Pe. Rogério bate na tecla da religiosidade
popular, mas necessitada
de uma catequese renovada,
centrada na figura de Jesus
Cristo. “Na festa da padroeira
– ele conta –, o catequista mais
esclarecido substituiu o sacrário,
no centro do altar, pela imagem
da santa”. Ele diz que outra
prioridade da Igreja do México
é construir uma mentalidade de
paz, pois o narcotráfico,
as armas e o desemprego
geram muita violência
o lema da diocese: “Em Cristo,
nossa paz, o México tenha uma
vida digna”.
Animação missionária
Outra prioridade do Pime no
México é a animação missionária
na diocese. O próprio bispo
pediu este serviço, que é o carisma
específico do Pime, sobretudo
na formação do clero.
Por isso, o pe. Giovanni Manco,
italiano e já missionário no Brasil,
leciona Teologia da Missão e
Filosofia no seminário de Acapulco,
e coordena o trabalho
de “parroquias misioneras” na
diocese. Trata-se de encontros
mensais formativos para
ajudar as paróquias a se
abrirem à dimensão missionária
na diocese e fora dela.
Destes encontros participam,
sobretudo, jovens sob
o lema: “Arrisca-te a fazer
algo de grande na vida”.
e delinquência. E lembra
Pe. Rogério, seminarista Rafael
e pe. Giovanni Manco
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